Soja Brs Valiosa RR

O melhoramento genético da soja foi, sem dúvida, o principal responsável pelo sucesso dessa oleaginosa no Brasil, mais especificamente na região dos cerrados onde as lavouras vêm apresentando rendimentos crescentes desde os anos sessenta, quando foram feitos os primeiros plantios. 0 programa de melhoramento genético desenvolvido pela Embrapa e seus parceiros vem sendo ajustado quanto às metas e objetivos, em função das ameaças e oportunidades. Com o surgimento, por exemplo, do nematóide de cisto da soja (Heterodera glycines), que foi identificado na safra 1991/92, (Lima et al., 1992), o programa prontamente desenvolveu cultivares resistentes, que segundo Yorinori (1993), era a alternativa mais eficaz e económica para solucionar o problema.

Mais recentemente, vem sendo desenvolvidos projetos e tecnologias que visam a introdução e a expressão de genes de valor económico. É o caso, por exemplo, da soja tolerante ao glyphosate. 0 presente trabalho tem como objetivo descrever a cultivar de soja BRS Valiosa RR, cuja principal característica é tolerância ao herbicida glyphosate. 0 trabalho contém, ainda, informações sobre seu comportamento em Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal, onde ela foi testada inicialmente.

 

A cultivar de soja BRS Valiosa RR é essencialmente derivada, obtida por cinco cruzamentos para a cv. MG/BR-46 Conquista. As hibridações iniciais, os cruzamentos, as gerações RC5F1 e RC5F2 e os testes de reação às doenças foram realizados em casa-de-vegetação, na Embrapa Soja em Londrina-PR, onde as plantas foram cultivadas em vasos de plástico com 10 litros de solo corrigido, adubado e esterilizado. As demais gerações foram conduzidas em condições de campo, utilizando o manejo das plantas conforme recomendações técnicas preconizadas para a cultura da soja. 0 teste de progénies foi feito em Conquista -MG, em fileiras individuais de 3 m de comprimento, em espaçamento de 0,5 m e estande aproximado de 15 plantas/metro. O último cruzamento foi realizado em 1999 e a linhagem BROO-69515 foi formada em 2001.

A partir de sua obtenção, essa linhagem participou dos ensaios da Avaliação Final conduzida em vários ambientes nos estados de Minas Gerais e Goiás e no Distrito Federal, no período de dois anos consecutivos nas safras 2001/02 e 2002/03. Os ensaios da Avaliação Final foram delineados em blocos ao acaso com quatro repetições por ambiente. Cada parcela experimental foi constituída de quatro fileiras de 5 m de comprimento, em espaçamento de 0,5 m entre fileiras e estande médio de 15 plantas/m, com área total de 12 m2. A área útil foi de 4 m2 após descartar, como bordadura, as duas fileiras laterais e 0,5 m em cada extremidade da parcela. A condução dos ensaios foi feita seguindo as técnicas recomendadas para a instalação e manejo da cultura.

A BRS Valiosa RR possui período juvenil longo, do tipo de crescimento determinado, com flores roxas, pubescência marrom, vagem marrom clara, semente de tegumento amarelo brilhante e hilo preto. Apresenta reação negativa à peroxidase e os teores médios de óleo e de proteína dos grãos, expressos em base seca, são, respectivamente, 19,43% e 40,83%,. É resistente às principais doenças como cancro da haste, mancha “olho-de-rã”, oídio e pústula bacteriana. É resistente também aos vírus do mosaico comum e da necrose da haste, bem como ao nematóide de galhas Meloidogyne javanica, moderadamente resistente ao Meloidogyne incógnita e suscetível ao nematóide de cisto da soja. Nas avaliações feitas em Minas Gerais, entre as safras 2001/02 e 2004/05, o rendimento médio de grãos da BRS Valiosa RR foi de 3.215 kg/ha (Tabela 1), com o valor mais alto (4.486 kg/ha) obtido no município de Sacramento. A média foi 12% superior ao rendimento da cultivar M-Soy 8001, que foi o padrão mais produtivo.

 

No âmbito do projeto atual, em execução desde setembro de 2002, mais de 60 cultivares de soja foram indicadas para cultivo, registradas e protegidas sob a égide da Lei de Proteção de cultivares. Os impactos econômicos e sociais de uma nova cultivar permeiam toda a cadeia produtiva, pela contribuição para o aumento da produtividade, pela redução do uso de insumos que ocorre em função de maior tolerância a doenças e pragas, pela introdução de características como melhor sabor para a alimentação humana, pelo maior teor de óleo e proteína, pelo aumento da mão de obra empregada no setor, etc. “

O Projeto “Desenvolvimento de cultivares de soja adaptadas às várias regiões ecológicas e aos vários sistemas de produção” trouxe, em sua formulação, um inovador arranjo institucional envolvendo o setor público e a iniciativa privada. O setor público contribui com pesquisadores de sólida formação acadêmica e grande experiência profissional e o setor privado com a agilidade e capilaridade no mercado típica de pequenas e médias empresas. Esse arranjo institucional tem garantido que o estratégico mercado brasileiro de sementes de cultivares de soja tenha permanecido predominantemente nas mãos de pequenas e médias empresas nacionais. É também eficiente, pois o ganho genético introduzido no setor produtivo pelas novas variedades é de 1,4% ao ano, bastante superior ao relatado para os principais concorrentes (USA e Argentina). Para a geração das cultivares, os geneticistas procuram agregar características demandadas pelo setor produtivo seja de incremento na produção per se, de produção de óleo e proteína ou de outras características importantes para a alimentação humana (a soja atuando como alimento funcional).

 

 

 

 

Fonte:

http://www.planetasoja.com/trabajos/trabajos800.php?id1=14706&publi=&idSec=23&id2=14707

acesso em junho de 2008

Agradeço ao INPI/FINEP pelo envio de informações em junho de 2008 para composição desta página

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