Sistema Automático de Controle de Iluminação

Até parece efeito especial de filme de ficção científica. O vidro da janela muda de cor e fica opaco à medida que a temperatura do ambiente aumenta. Se o tempo esfriar, ele torna-se transparente de novo. Longe de ser só um truque, a janela inteligente é o primeiro produto tecnológico desenvolvido pela Pós-Graduação em Ciência dos Materiais, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Juazeiro. Batizado de sistema automático de controle de iluminação (Saci), o protótipo permite controlar a transparência do vidro pela variação de temperatura. O Saci é formado por duas lâminas de vidro, distantes 2 milímetros uma da outra. O espaço entre elas contém uma solução nanoestruturada (partículas cuja dimensão é de um bilionésimo do metro). São as nanoestruturas que controlam a transparência do material, pois elas são afetadas pela temperatura, aumentando ou diminuindo de tamanho. “Quando a temperatura está alta, acima de 30°C, o vidro fica opaco, praticamente branco. Aos 28°C exatamente, ele volta a ficar transparente. E numa temperatura de 26°C, adquire uma cor também opaca, mas meio azulada”, explica o aluno Evando Santos Araújo, 23 anos, que está desenvolvendo o trabalho em seu curso de mestrado.

O princípio pode parecer simples, mas demandou dedicação e quase um ano de estudos e testes. “É um sistema que pode ser controlado manualmente, por meio de um resistor variável, algo semelhante ao que se usa em interruptores de lâmpada para graduar a intensidade da luz”, diz o professor Helinando de Oliveira, coordenador da Pós-Graduação em Ciência dos Materiais e orientador da pesquisa. A transformação da coloração do vidro é quase instantânea. Ao ter contato com água a 50°C, por exemplo, o protótipo logo se torna esbranquiçado. Ao esfriar, volta à transparência. Segundo os pesquisadores, o Saci também impede a passagem dos raios solares UVA e UVB, controlando o nível de iluminação ambiente. Contribui ainda para deixar a temperatura interna mais agradável. “Até o consumo de energia pode ser reduzido”, afirma Araújo. Os pesquisadores, que integram o grupo de pesquisa do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (Leimo), preparam-se para submeter o Saci a patenteamento junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). O protótipo pode tornar-se um produto comercializável e assim ganhar lugar em portas e janelas de qualquer tipo de construção, desde que haja interesse de alguma empresa em adquirir a patente do Saci. Segundo Araújo, o custo para produzir o metro quadrado da janela inteligente é de R$ 29. Mas numa produção em larga escala é possível diminuir o espaço entre as lâminas de vidro, o que reduziria a quantidade de solução de nanoestruturas necessária para a transição de cores no vidro e assim reduziria o custo de produção. “Quanto mais fino esse espaçamento, mais eficiente é a transição”, reforça o pesquisador.

Helinando Oliveira ressalta que há outras possibilidades de aplicação do sistema. “Ele pode ser utilizado para embalagens de vacina, bolsas de sangue e outros itens que dependem do controle de temperatura para se manter em boas condições de uso”, diz o professor. Mas a diversificação das aplicações do sistema ainda depende de mais estudos. O Saci está concorrendo, atualmente, ao Concurso Idéias Inovadoras 2009, promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb).

Helinando Pequeno de Oliveira é Doutor em Física (2004), mestre em Física (2002) e graduado em Engenharia Eletrônica (2000) pela Universidade Federal de Pernambuco. Atualmente é professor adjunto III da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) e coordena o programa de pós-graduação em ciência dos materiais nesta instituição. Tem experiência na área de Física, com ênfase em propriedades elétricas de sistemas coloidais, polímeros condutores e nanoestruturas orgânicas, atuando principalmente nas áreas de espectroscopia de impedância, polímeros condutores e compostos fotoativos. Coordena as atividades do laboratório de espectroscopia de impedância e materiais orgânicos (LEIMO) na UNIVASF.

Fonte: 
http://200.221.3.197/jornal/busca.php?texto=coorde
JORNAL DO COMMERCIO – PE Vale do São Francisco Jornais & Revistas matéria retirada da Internet TECNOLOGIA Univasf cria janela inteligente Invento controla luminosidade do ambiente e é o primeiro produto tecnológico da pós-graduação em ciência dos materiais Renata Freitas Especial para o JC-Vale
 
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4760068Z4
 
acesso em novembro de 2009
 
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