Sequenciamento da Bactéria da Leptospirose

O Brasil deu um grande passo para obter uma vacina contra a leptospirose. A doença, que atinge mais de quatro mil pessoas anualmente no país, segundo dados mais recentes, é provocada pela bactéria Leptospira interrogans. Um estudo realizado por uma parceria entre pesquisadores da Fiocruz, do Instituto Butantã e da Rede Onsa, um laboratório virtual financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), decifrou o código genético da linhagem Copenhageni, principal responsável pela incidência de leptospirose no Brasil. A cepa foi isolada por pesquisadores da Fiocruz, unidade da Bahia, durante uma grave epidemia ocorrida em Salvador. Especialistas apontam para a urgência em se desenvolver uma vacina contra a doença que se tornou frequente nas grandes cidades. “Está havendo uma urbanização da leptospirose, que ocorre principalmente após enchentes, em locais sem saneamento básico. É preciso criar uma vacina e novos kits de diagnóstico. Essa foi á proposta apresentada pela Fiocruz a Andrew Simpson, coordenador do Projeto Xylella, que culminou nesse novo sequenciamento”, diz o médico Albert Ko, do Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (CPqGM), unidade da Fiocruz em Salvador.

 

A sequência completa de cerca de 4,7 milhões de pares de bases de DNA da bactéria Lepstospira interrogans Copenhageni passou por um pente-fino que identificou 23 proteínas candidatas a vacinas. A pressa brasileira em garantir a prioridade de proteção à propriedade intelectual se justifica. Existe uma corrida mundial para se produzir uma vacina contra a leptospirose. Essa disputa ganhou conhecimento público em 2003, quando uma equipe chinesa liderada por Guoping Zhao publicou o sequenciamento da Lesptospira interrogans Lai na revista científica Nature, de grande prestígio internacional. Um mês antes, o artigo apresentado pelo grupo brasileiro fora recusado pelos editores da mesma revista, apesar dos elogios feitos pelos referees. Os chineses chegaram na frente na corrida para publicação. O episódio deu origem a um novo artigo científico brasileiro, publicado em abril no Journal of Bacteriology, também reconhecido internacionalmente. “Nesse artigo é feita uma comparação entre o genoma da cepa Lai e da cepa Copenhageni”, diz Albert Ko, um dos pesquisadores que assina o trabalho. O artigo revela que apesar da similaridade genética entre as duas linhagens, existe uma diferença estrutural significativa, incluindo inversão cromossômica e extensiva variação no número e na distribuição dos elementos na sequência genética.

 

Fonte:

http://www.hospitalar.com/

acesso em abril de 2004

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