Schrapnel Granada

O capitão de corveta José Félix da Cunha Menezes especializou-se em artilharia naval, particularmente no que diz respeito à artilharia de desembarque. Como inventor produziu o schrapnel-granada, a mina de projeção e o projétil de queda que foram experimentados com os melhores resultados. O schrapnel-granada representa uma resolução pratica do problema do projetil único procurado pelos técnicos para os canhões de campanha ou de desembarque, pois é uma combinação simples e racional dos traçados dos projeteis de dispersão e de destruição, intimamente ligados e formando um só sistema de modo a satisfazer as exigências de um projétil típico. Ele foi adotado na Marinha brasileira no início do século XX depois que o inventor com discussões científicas e provas experimentais salientou seu grande valor e marcada superioridade sobre os congêneres estrangeiros, destes havendo um, que aparecido posteriormente, era praticamente uma cópia do invento nacional. Este fato preocupou tanto aos que conheciam o invento que chegou a ser largamente tratado pelos jornais, repercutindo no Congresso Nacional onde o deputado Maurício de Lacerda dele tratou fazendo sobressair os esforços do inventor.

 

A mina de projeção inventada pelo comandante José Félix resultou de meticulosas investigações teóricas e práticas pelo mesmo, realizadas com relação aos diversos tipos e modelos de minas de campanha. Dessas investigações o inventor brasileiro concluiu que estes engenhos de guerra, apesar de todos os aperfeiçoamentos introduzidos, satisfaziam de modo imperfeito os fins desejados, produzindo rendimento útil relativamente pequeno e sendo seu efeito mais moral que realmente mortífero. A principal causa desse inconveniente, verificou o inventor, residia no fato de que, devido à sua organização própria e modo de instalação, no momento da explosão, o arrebatamento desses engenhos dava-se para cima projetando os fragmentos em forma de cone muito cerrado, de modo que não era avultado o número de combatentes atingidos pelos estilhaços. A mina de projeção José Félix veio obviar este inconveniente. Esta espécie de mina, no momento de verificar-se sua explosão, não arrebenta dentro do fornilho, como as suas similares, projetando seus estilhaços para cima na forma de um cone invertido, mas sim é a própria mina arremessada fora do fornilho fazendo explosão a certa altura com projeção de seus fragmentos em todas as direções e batendo o terreno em círculo aproximadamente de 200 metros de diâmetro para as minas de 20c/m.

A mina consta de uma parte formada pelo cálix de projeção ou morteiro, de forma cilíndrica, e de outra parte constituindo a porção projetável ou mina verdadeiramente dita. A carga de projeção é de pólvora negra, de preferência R.L.G. e a de arrebatamento é de trotyl fundido com uma espoleta de organização toda especial detonada pelo azotureto de chumbo, como correntemente é denominado o tetra-nitro-methyl-anilina. Esta mina pode ser tanto de ação automática como controlada à distância. Ela se destina a ser empregada em baixo da terra, nas contra escarpas das fortificações , a flor do solo, embaixo de pilhas de lenha e também embaixo da água, quando empregada com o fim de impedir o desembarque de forças. O projétil de queda da invenção de José Félix é um artefato de guerra para uso ofensivo ou de ataque. Sua organização foi traçada de modo a poder ele satisfazer o duplo fim de projetil de bombardeio e de bomba de profundidade. Destina-se pois a ser lançado do alto, conforme mesmo sua denominação dá a entender, sendo portanto especialmente destinado a ser empregado pelos aviões e aeronaves em combates no mar ou terra. Externamente afeta a forma de um duplo cone unido por suas bases e dispõem de três abas de hélice, que correspondem ao dispositivo de estabilidade durante a queda. Sua carga de arrebatamento é de pólvora de azoto ou de trotyl fundido, explodindo pela concussão.

 

Fonte:

Os inventos da Marinha de Guerra Brasileira, Rogério Augusto Siqueira, Imprensa Nacional, 1923

 

Acesso em maio de 2003

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