Saldo automático por telefone

Trata-se de um sistema versátil, dimensionado para suportar o acréscimo de serviços prestados, bastando para isso agregar novos aplicativos no computador ao qual estiver conectado, independentemente do tipo de formatação das mensagens transmitidas ao usuário; utilizando um vocabulário cujos itens são gravados prévia e separadamente; efetuando o sistema dinamicamente a montagem das frases a serem transmitidas. O sistema é baseado em um microprocessador que gerencia todo o sistema de forma modular para quatro linhas telefônicas e seus múltiplos; com sistema de identificação de chamada pelo tratamento dos sinais através de rotinas aplicadas; memória com textos digitalizados; detector de linha discada que detecta os pulsos discados e monitora uma linha telefônica; sintetizador de voz para transmissão pela linha telefônica; uma interface para comunicação com o banco de dados do computador remoto com interface RS 232 e RS 422 flexibilizadas para conexão com diferentes periféricos, que assegura ao equipamento, a expansão e ampliação de capacidade sem necessidade de modificação externa. 



 


A unidade informativa sonora ao receber chamada telefônica de linhas normais de assinantes da rede pública, ativa o sistema de atendimento capacitado para atendimento simultâneo a múltiplos canais telefônicos e fala: “disque o número de sua senha”, mais um texto com vocabulário cujos itens são gravados previamente; o chamante disca o número de sua senha que deve ter 8 dígitos, e que é enviado pela unidade de controle através da interface de comunicação para o banco de dados do computador remoto para identificação, e estando correto, é autorizado o sinal que através do sintetizador de voz fala: “disque os números da consulta”, que deve ser de 6 dígitos e seguem a mesma rotina de senha enviada anteriormente para o banco de dados do computador remoto, que envia o resultado da consulta contida no seu arquivo para a unidade informativa sonora, que efetua dinamicamente a montagem das frases contidas na unidade de memória para serem transmitidas em forma de mensagem falada. Com mais de 30 anos de Bradesco, Gregio, natural de Martinópolis (SP), e sua equipe foram os primeiros a desenvolver um site empresarial no país, o http://www.bradesco.com.br/, em 1995, além de ter sido pioneira na criação de softwares , como o home banking.
 

Depoimento de Odecio Gregio sobre história da automação bancária:

Fui ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) com o pessoal do jornal O Estado de S. Paulo. Quando acabaram as apresentações, Nicholas Negroponte me chamou no escritório dele, pedindo para eu fazer uma compra na internet. Tínhamos lançado o comércio eletrônico e ele queria ver como era. Fiz uma compra e um pagamento para ele ver. A Microsoft tinha lançado a carteira eletrônica Wallet, que não funcionou. Com base nela, o pessoal da Scopus desenvolveu uma que funcionou e era com ela que fazíamos os pagamentos. Foi a primeira vez que o Negroponte viu um pagamento acontecer. Até eu fiquei surpreso, ele me deu uma importância de professor.
O Bradesco gostava dos resultados e das facilidades que a tecnologia trazia. Chegou a ser o maior cliente da Kodak no mundo. Visitei o Seguro Social dos Estados Unidos, que sempre foi considerado o bom em microfilmagem. Na época, o Bradesco era umas cinco vezes maior. Tivemos que nacionalizar tudo. A lente de microfilmagem é super complexa, tem sete camadas, e custava muito caro por ser importada do Japão. Junto com um cientista da DF Vasconcelos, resolvemos fazer a lente com projeto dele no Brasil, tenho a lente até hoje. No processo de nacionalização, em seguida vieram os filmes. Trazíamos muito filme porque nosso uso era grande. Montamos dentro da ComiChromation,   uma câmara fria enorme onde passamos a ter uns rolos grandes de filmes, e lá dentro havia máquinas onde eles eram cortados e depois vendidos. 
Dentro da ComiChromation, começamos a dar manutenção para alguns equipamentos do banco. Vieram as DE, Data Entry, da Olivetti, que eram distribuídas para o Brasil inteiro. Como a Olivetti não tinha condições de dar manutenção, montamos um departamento de manutenção para as máquinas Olivetti do banco. Em seguida, o banco resolveu acabar a ComiChromation e vendeu a empresa em várias partes, uma só de filmes, uma fábrica de emissores. A parte de manutenção trouxemos para o banco e montamos um departamento para dar manutenção das DE e iniciar a automação bancária.
Passamos a fazer instalação e manutenção dos sistemas de automação bancária. A primeira agência foi a Praça Panamericana, em São Paulo. Depois da segunda, cada um queria fazer a sua. Foi o departamento de manutenção que decidiu a sequência. Pegamos um mapa do Brasil e o critério foram os pontos de manutenção. Não adiantava fazer automação em lugar onde não havia técnico. Naquele tempo as máquinas quebravam muito, tinha que ser o esquema uma máquina, um técnico. Esse traçado estratégico das linhas de manutenção, aliás, sumiu. Começamos pelo planejamento das agências automatizadas, fomos na Embratel, que também estava nascendo, e pedimos ligações entre um ponto e outro. Foi aí que começou a parte de telecomunicações brasileira. 
A rede da Embratel acabou nascendo da necessidade dos bancos. Naquele tempo, era comum reclamar que a Embratel não conseguia instalar as linhas, demorava por falta de estrutura. Compramos linha para o Brasil inteiro. De repente, a Embratel ganhou velocidade e isso se tornou um problema para nós. Não conseguíamos fazer as instalações nas agências porque não havia equipamento. Tivemos que rever esse processo. Foi complicado. O Bradesco acabou acelerando as coisas. Teve uma época em que a central da Embratel era toda no Bradesco e era enorme. 
Na implantação da primeira agência automatizada, o cartão magnético era elitizado e era costume entregar só para os principais clientes. Ao lado da agência havia um supermercado Pão de Açúcar, que também era cliente. Nos dias de pagamento, a agência ficava cheia de funcionários do supermercado. Açougueiros, padeiros e faxineiros lotavam a agência para receber o pagamento ou para consultar seu saldo. A gerente da agência resolveu simplificar e distribuir o cartão para todos. Assim se popularizou o cartão magnético.
Dentro da manutenção, tudo era muito difícil. Era preciso ter um laboratório grande, com muitos engenheiros e todo tipo de ferramenta mecânica. As peças quebravam e você não podia substituí-las por causa da reserva de mercado. Não se podia importar uma engrenagem e a máquina ficava parada. Então eu fazia a engrenagem, o técnico chefe da manutenção se chamava Jesus. Uma vez me trouxeram um livro chamado Noite dos Tempos, do francês René Barjavel, que conta a história de um grupo de cientistas americanos e russos. Eles faziam pesquisas na Antártida quando acharam uma bola enorme de ouro. Dentro da bola tinham dois corpos, um homem e uma mulher. Eles tentaram ressuscitar os dois, mas só a mulher sobreviveu. Dentro da bola tinha outras coisas, eles vinham de outro planeta, de outro lugar. A moça colocava um colar e tudo o que ela queria dizer era projetado. Uma transmissão de pensamento que os outros entendiam. Foi assim que ela contou que morava em um país todo controlado por computador onde cada pessoa recebia um anel, quando se formava ou em determinada idade. Esse anel era a sua vida. Ela ia ao supermercado, comprava e mostrava o anel, que debitava da conta dela e creditava na conta do mercado. Os carros eram todos elétricos. Ninguém tinha carro, ele era de todos. Era só colocar o anel que o motor ligava, e depois debitava o trajeto na conta dela.
Quando implantamos a primeira agência, implantamos também o cartão magnético. Pensamos por que não fazer com o cartão magnético o mesmo que, no livro, a mulher fazia com o anel? Decidimos fazer um terminal, desenhamos, fizemos todo o sistema e ele se chamou Tele compras. Colocamos em um posto de gasolina perto da Cidade de Deus. A pessoa enchia o tanque no posto, passava o cartão, que debitava da conta dele e creditava na conta do posto de gasolina. Na diretoria, todo mundo ficou boquiaberto. Hoje a gente fala isso e parece besteira. O terminal foi em 1980. Colocamos isso para funcionar e o banco ficou entusiasmado com o negócio.
O Bradesco tinha 50% da Digilab e resolveu comprar 100%, só para fabricar esse terminal. A empresa foi montada junto com a Eberle, um pessoal de mecânica, do Rio Grande do Sul. A Digilab foi montada para fabricar impressoras para automação bancária da Nec, com banda de cinta, que giravam em alta velocidade e faziam uma barulheira danada. Eberle e Bradesco eram sócios, 50% de cada um. Quem tomava conta era o filho do dono da Eberle, que um dia vinha de carro do Rio Grande do Sul para São Paulo, sofreu um acidente e morreu. Decidiu-se comprar 100% da Digilab para fabricar o terminal, aí fui para lá como diretor, junto do pessoal de manutenção. Eu e o argentino Jorge ou Julio …? , assumimos como diretores.
A Digilab era pequena, mas tinha um prédio de 24 mil metros quadrados, um monstro de alumínio que ficava na fazenda de 270 alqueires do banco, perto do cebolão de Campinas. O banco construiu ali um prédio para ser marcenaria e fazer os balcões de agência. Naquele tempo não havia quem atendesse às necessidades no volume que o Bradesco precisava. Foi necessário construir outro prédio, com ar condicionado, só para as máquinas da Digilab, que crescia conforme saia o arquivo de papéis, até chegar ao ponto de os 24 mil metros quadrados serem só de Digilab.
Nessa época, o banco costumava mandar os documentos para um armazém em Santos. E resolveram fazer uma rua exatamente onde era o armazém, por isso foi preciso tirar todos os documentos urgente de lá e não tinha onde colocar. Esse inventário foi levado para o centro de Campinas, enchendo os 24 mil metros quadrados de documentos. Como eu implantei a microfilmagem, o banco me designou para fazer um departamento de documentação que tomasse conta da microfilmagem e dos documentos. A Digilab herdou pilhas de documentos enormes, você se sentia bem pequeno naquele negócio sem fim. 
Tudo o que era feito na agência era registrado em papel, que depois era guardado em caixas grandes de madeira. A ideia era microfilmar os documentos e jogar fora. Fiz as contas e vi que não seria possível, até hoje não se teria acabado de microfilmar aquilo. Fui ao Jurídico, que estabeleceu o valor da ação sobre os documentos, um número gigantesco. Peguei esses números e fiz umas contas. Se vendêssemos só as caixas de madeira e o papel como sucata, daria um valor cem vezes maior do que qualquer ação judicial que o banco pudesse enfrentar. 
Foi montado um processo para desmanchar os documentos produzidos nas agências do Brasil todo. Vendiam-se as caixas de madeira, que eram caríssimas, e o papel se jogava dentro de um caminhão que era acompanhado por um inspetor até Valinhos, no interior de São Paulo. Os documentos eram então postos em um tacho enorme onde iam se dissolvendo e se transformando em papel higiênico.
Amador Aguiar mandou fazer outro prédio, ao lado do galpão da Digilab, para colocar o resto dos documentos recolhidos de todas as agências no Brasil. Era um prédio diferente, que ele mesmo desenhou, porque tinha muito medo de fogo. Ele mandou fazer um corredor no meio, uma rua separando os dois prédios. Se pegasse fogo em um bloco, não pegava no outro.
Aos poucos, o prédio foi esvaziando e fomos fazendo a Digilab. Era o tempo da reserva de mercado e tivemos que fazer impressoras e terminais enormes. Precisávamos de telecomunicações, mas não se podia importar nada. Começamos a fazer automação bancária e foi preciso comunicação. Onde a Embratel não conseguia alcançar com suas linhas, era preciso fazer por satélite. Fui aos Estados Unidos, em Oregon, pegar a tecnologia para fabricar aqui as Vsats, ligando agências via satélite no Brasil inteiro. O banco comprou um transponder para lançar o primeiro satélite brasileiro. 
A reserva de mercado tinha seu lado interessante, de certa forma forçou a nacionalização. Não tinha jeito de importar nem um parafuso. A impressora tinha um chip caríssimo, que foi desenvolvido pela Digilab. Os engenheiros montaram transistor, resistência, testaram, reduziram e mandaram aos Estados Unidos para fazer a máscara e começar a produzir. Foi o primeiro chip da história brasileira.
Com a chegada da era da automobilística era preciso ter injeção eletrônica, como não se podia importar nada, foi preciso nacionalizar. A Bosch, que estava ao lado do prédio da Digilab em Campinas, decidiu que sua vizinha nacionalizaria a injeção eletrônica. Foi montado o esquema, o pessoal foi treinado, aprendeu alemão, foi à Alemanha para aprender a fazer injeção eletrônica e montou-se uma planta aqui. Os primeiros carros da Volkswagen saíram com injeção eletrônica feita no Brasil. Os alemães gritavam ao saber que de acordo com a Lei deveriam usar injeção eletrônica nacional, mesmo que todas as peças impossíveis de se nacionalizar fossem da Bosch. No dia em que acabou a reserva de mercado, em 1992, a Bosch apareceu para pegar a planta e colocar dentro das suas instalações. Hoje eles fabricam injeção eletrônica.
Com a automação e o enxugamento das agências, não se justificava mais um terminal grande. O pessoal do laboratório da Sid desenvolveu um terminal pequeno, mas ela não quis fabricar e uma parte da equipe montou a Procomp, que fabricava os equipamentos para o Bamerindus e cedeu a tecnologia para o Bradesco produzir os mesmos terminais. A diretoria deu a ordem: queria o terminal em seis meses, o que os técnicos consideravam impossível porque incluía estruturar uma linha de montagem, entender como aquilo era fabricado, importar os componentes com as restrições da reserva de mercado. O banco não quis saber, decidiu que a Digilab ia fazer esses terminais, pegou um grupo de pessoas para fazer o software, colocou em uma casa, fechou e disse: vocês têm seis meses para fazer isso. Os sócios da Procomp davam suporte. Na verdade, o que se fazia para a Digilab servia para a Procomp. Os terminais foram fabricados, colocados em todas as agências, completou-se a instalação e começaram a ser vendidos para todo lugar. Foi uma fase interessante, na qual a Procomp cresceu.
Quando acabou a reserva, não fazia mais sentido ter a Digilab, que supria a parte tecnológica do banco. Decidimos vender a Digilab e ficar atrás dos fornecedores. Foi aí que vendemos para a Sid, mas me lembro que montamos os melhores equipamentos de teste que existiam para testar chip. Levou muito tempo para montar tudo aquilo, era perfeito, uma fábrica exemplo, tanto é que tinha linhas de montagem automática, onde montávamos os microcomputadores da Nec. Vendeu-se a Digital por volta de 1990.
Em 1991 foi implantado o código de barras e a papeleta de cobrança, com a criação do Tele saldo. A primeira Unidade de Resposta Audível do Brasil tinha chip da Texas, gravado na Unicamp, em Campinas. Foi um equipamento desenhado pelo Bradesco, que decidiu colocar uma máquina por agência, foram feitas 200. Não foi possível aperfeiçoar o modelo porque o equipamento que gravava o chip e a voz era um só e a GMK, do Nacional, comprou, portanto o Bradesco não tinha mais onde gravar. Hoje se disca para um número, que direciona a outro lugar. Não havia comunicação para isso na época, era preciso um para cada agência. O chip era antigo, tinham aparecido coisas novas e o Bradesco passou a comprar da GMK ainda em 1991.
Em 1992, com o fim da reserva de mercado e da Digilab, montamos um departamento de produtos eletrônicos no Bradesco e começamos a desenvolver o Tele Bradesco Residência, com videotexto, o Tele Bradesco Empresa. Aí apareceram algumas notícias sobre internet, que estavam fazendo sucesso nos Estados Unidos. Pedi ao Douglas, hoje diretor, que fosse a uma feira nos Estados Unidos para ver o que era a tal internet. Ele acabou comprando um browser Internet in a Box, o Mosaic, que estava tentando colocar imagem na internet. Instalamos e a Embratel trouxe uma senha para o banco acessar a internet. Como eu fazia parte dos comitês de tecnologia, na área de comunicações, comecei a experimentar. Achei que o pessoal precisava entender o que era aquilo.
Para fazer as primeiras demonstrações do que era a internet, dois sites eram os escolhidos e variavam de acordo com o público. Um deles era o endereço do Vaticano, que mostrava o acervo histórico do museu, as fotografias, as imagens, os santos. E para o público informal era mostrado também o endereço eletrônico da Playboy. Ainda assim, as primeiras avaliações foram negativas. A diretoria do banco achou tudo muito acadêmico, pouco interessante. 
Era preciso um canal de comunicação, mas a Embratel tentava ser a única dona da internet no Brasil, queria ser o provedor geral. O presidente da Embratel foi almoçar no Bradesco e a diretoria disse que pretendia usar a internet, mas não podia porque só existia um canal para a Embratel e outro para São Paulo, que estava reservado para o Museu de Arte Moderna, já que tudo o que existia de novo em tecnologia era lançado ali. A diretoria do Bradesco insistiu e assim o canal de internet foi transferido para Cidade de Deus,
Montamos o primeiro site sem saber realmente como as coisas funcionavam. O banco estava fazendo 50 anos e tinha acabado de sair um manual em português e inglês sobre a história do Bradesco 50. Desenhei umas páginas, pegamos fotos e textos da história do banco e criamos o primeiro “site” oficial, que não tinha nada de prestação de serviços. 
A primeira coisa que fiz foi falar com o Lázaro Brandão, disse que era preciso que ele fizesse uma abertura, com discurso e fotografia. Ele respondeu: o discurso você pode por, a fotografia, não. Ficou pronto o site e foi o dia de apresentar à diretoria, ninguém sabia o que era internet. Fomos para uma sala, chamou-se o Sr. Brandão e toda a diretoria. Testamos, testamos, mas na hora em que o Sr Brandão estava chegando, pifou o monitor. Um dos diretores, o Douglas, subiu pela escada do primeiro ao quarto andar, desceu voando, colocou o outro monitor, ligou e o Sr Brandão viu tudo funcionando. Todos ficaram curiosos para saber o que era aquilo. Um vice-presidente apontou o uso incorreto do português. Embora o texto fosse copiado do livro, o pessoal de marketing e redação do banco passou a noite revisando. E a resposta foi que naquela situação, podia-se tanto haver o emprego do “h” quanto não ter. 
Para lançar o endereço do Bradesco, a área de marketing convocou a imprensa. E na noite da véspera, no teste, nada funcionou. Na Embratel, só uma pessoa sabia fazer o sistema funcionar, ela estava em casa e não havia telefone celular. No dia 25 de maio de 1995, às dez horas da manhã, tudo funcionou na apresentação da internet para os jornalistas. Como não tinha computador para lançar a internet, o lançamento foi feito com computador emprestado da Sun. O videotexto tinha 45 mil clientes que acessavam aquilo todo dia. Começaram a chegar por e-mail muitas mensagens de parabéns por enfim haver uma empresa brasileira na internet, principalmente vindas dos Estados Unidos. Um mês depois do lançamento, já tinha cobrança para saber o saldo, já que o banco estava na internet e tinha Bradesco Residência.
Naquele tempo o Bradesco Empresa estava sendo reformulado para dar mais segurança, o banco tinha comprado um equipamento grande da Digital. Em um trabalho de parceria entre Digital e Scopus, comprada pelo Bradesco em 1989, e resolveu-se colocar no ar o internet banking. Todo mundo foi contra por falta de segurança. Descobriu-se uma empresa de segurança que veio dos Estados Unidos, achou o sistema seguro e autorizou o lançamento. 
Quis saber como funcionava o sistema de segurança. Era uma chave que não podia ser acessada. Na ocasião, Aluízio ?? Borges?? disse que não lançaria nada que não conhecesse. A Scopus veio cobrir essa lacuna ao desenvolver uma chave de 128 bits, que era proibida naquela época. Três bancos estavam na internet logo no começo, o Internet Security, o banco espanhol, e o Wells Fargo. Todos só tinham saldo. Decidimos colocar um com saldo, extrato, pagamento de contas, boleto e transferência só dentro do banco, e cópia de documento. Quando o cliente fazia o pedido de cópia de cheque, era preciso ir na microfilmagem, pegar o filme, achar o cheque, tirar uma cópia, passar no fax, que digitalizava e aí o arquivo eletrônico era mandado para o cliente.
Lançamos isso em 31 de maio de 1996, e era preciso fazer a propaganda do lançamento. O pessoal questionava a segurança. Falei com o Sr. Brandão, que vistou a autorização do anúncio. E ele perguntou: rapaz, esse negócio vai mesmo funcionar? Não vai ter problema para o banco? Falei não, o senhor vai ver que beleza. Ele assinou, nós lançamos.
A reação do Itaú foi gozada porque eles estavam desenvolvendo antes de a gente lançar o institucional. Eles queriam lançar, mas acho que ficaram mordidos e saíram fora desse negócio de internet. Tanto é que lançaram o internet banking depois de dois anos que o Bradesco já tinha. Em dois anos, o Bradesco ficou sozinho. Era complicado mesmo. A gente tinha a Scopus, que fez o diferencial nesse processo todo da internet. Ninguém queria usar. Quando lançamos, chamamos a imprensa, você precisava ver a festa que fizemos internamente quando conseguimos atingir mil usuários pessoa física. 
Foi complicado porque eu lançava muita coisa. A cada duas semanas tinha uma novidade. Como não tinha ninguém, eu estava à vontade para lançar cobrança, etc. Mas tinha dois problemas. O próprio Bradesco não tinha internet nas agências. O sujeito tinha em casa, ia na agência, e o gerente não sabia de nada porque ele não tinha internet. Começamos a colocar pelo menos um micro em cada agência, com um modem de 56 Kbits.
E começou uma onda em que o pessoal ficou receoso de que a internet ia acabar com as agências. Eram feitas palestras no Brasil todo. Hoje ninguém vive sem internet. Mais interessante do que o comércio eletrônico ou a internet grátis, algo fantástico foi o lançamento do home broker. A própria Bovespa não queria fazer no princípio. Quando se fazia uma venda de ações, tinha um documento que o cliente precisava assinar dizendo que tudo o que acontecesse na aplicação era responsabilidade dele. Aí digitalizei o documento com voz. Quando o cliente entrava no sistema, se cadastrava, e para prosseguir, tinha que ouvir tudo o que estava escrito. Fui na CVM mostrar que não havia assinatura, mas a pessoa ouvia até o final. Se não ouvir, não continua, expliquei. Fiquei dois dias no escritório mostrando isso para eles não autorizarem. 
A Scopus tinha uma equipe de segurança que fez toda a parte de certificação para o governo. Tanto é que recebeu uma visita americana para substituir a chave de criptografia do governo e do Exército dos Estados Unidos. Foi feita uma concorrência, entraram IBM, HP e um grupo de três caras, o Paulo, da Scopus, um irlandês e um americano, que apresentaram a solução ganhadora. Esse mesmo sistema de criptografia foi implantado na Europa.
A internet começou no Bradesco com um computador Sun e quando surgiu o comércio eletrônico, a decisão foi de colocar mais máquinas para fazer segurança. Começou-se a desenvolver sistemas para monitoramento. Depois começou a ficar tão grande o volume de acessos que passou-se a fazer filtros, montar sistemas, inclusive de monitoramento, porque não existia nada. 
Odécio Grégio iniciou suas atividades profissionais na indústria automobilística. Trabalhou por 33 anos no Bradesco onde gerenciou diversos departamentos ligados à tecnologia. Nesse período participou de todo o processo de automação bancária: Automação nas agencias; Implantação de terminais eletrônicos de auto atendimento; Desenvolvimento e implantação da primeira máquina dispensadora de talões de cheques; Implantação da primeira internet brasileira; implantado do primeiro sistema de home banking do Brasil; Implantação do sistema de investimentos na bolsa ; Implantação do comércio eletrônico e do ShopFácil; Implantação do sistema de digitalização de voz para deficientes visuais, premiado pelo instituto Smithsonian de Washington. Foi diretor das empresas: Commicromation; Diligab; Scopus Tecnologia; Scopus.com. Estruturou e foi proprietário das empresas: Tritone Design. Rede Prepag Meios de Pagamentos , E-Prepag Pagamentos Eletrônicos, Bilheteria.com Produções e Promoções. E atualmente é proprietário e diretor da Bilheteria.com 

Fonte: 
http://www.poderonline.com.br/NR/exeres/56845022-131C-4802-9978-5697BC4682EC.htm 
acesso em setembro de 2002 
http://www.automacaobancaria.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=88&Itemid=105 
http://www.elearningbrasil.com.br/premio/2010/notaveis/odecio.asp 
http://info.abril.com.br/premioinfo/2002/fotos/index2.shl 
acesso em dezembro de 2010 

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