Processador de Ponto Flutuante

Numa época em que o Brasil começava a usar computadores no campo científico, surge na UFRJ um centro de processamento de dados para atender a professores e alunos. Na época adquiriu-se com recursos do antigo BNDE um IBM 1130 com configuração mínima. Inicialmente criado como Departamento de Cálculo Científico da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação para prestar apoio acadêmico, logo começa a ampliar suas atividades e, em março de 1967, desvincula-se administrativamente da COPPE. Nasce, com equipamentos e 50 profissionais cedidos pelo DCC/COPPE, o Núcleo de Computação Eletrônica, órgão suplementar do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza. 

Até meados de 1968 foram oferecidos cursos de programação aos alunos e professores da COPPE para que utilizassem o computador em seus trabalhos acadêmicos e pesquisas. Os grandes benefícios advindos daí incentivaram usuários de outras áreas. Inicialmente, o DCC disponibilizava equipamentos, oito horas diárias, cinco dias por semana. Em 1969, o NCE já funcionava 24 horas, inclusive sábados e domingos. O final da década de 60 marcou o início da pesquisa e desenvolvimento na Informática. Surgiram os primeiros protótipos para a indústria brasileira, dentre eles o Processador de Ponto Flutuante, o Terminal Inteligente e o COPPEFOR, primeiro compilador FORTRAN nacional, todos desenvolvidos no NCE/UFRJ. 

Desde o início de sua administração, Denis França Leite, primeiro coordenador do NCE (de 1969 a 1972), e uma equipe que ia de estagiários a analistas começaram a trilhar novos caminhos na área de Informática. Um grande esforço foi feito primeiramente na parte de programação , buscando prover as indústrias de projetos desenvolvidos aqui, ou seja, já adaptados às condições locais. 

Em 1973, o NCE implantou sua área de desenvolvimento. Seu objetivo era gerar projetos de interesse estratégico para o País, a fim de repassar o conhecimento tecnológico adquirido, tanto para o meio acadêmico como para o setor industrial. Ao longo dos anos, muitos projetos foram desenvolvidos, vários deles repassados à indústria. Protótipos que não chegaram a ser industrializados tornaram-se produtos do NCE e foram utilizados pela Universidade como equipamento de trabalho ou como parte de trabalhos de teses. 

No final de 1973, veio para o NCE Ivan da Costa Marques. Recém-chegado dos Estados Unidos, trouxe em sua bagagem a firme convicção de que o Brasil tinha que desenvolver atividades de pesquisa especialmente na área de hardware. Para ele, o país devia dominar a tecnologia, livrando-se de uma dependência que mais tarde poderia nos trazer problemas. Foi então que o NCE deu os primeiros passos no desenvolvimento e pesquisa em hardware. 

O Processador de Ponto Flutuante PPF foi o primeiro projeto desenvolvido no NCE, em 1973. O PPF, que se interligava diretamente a CPU do IBM 1130, marcou o início de projetos nacionais na área de software e hardware básicos. Financiado pelo BNDE, o PPF foi repassado à Microlab que o industrializou no ano seguinte. Este primeiro projeto foi extremamente importante pelas suas características pioneiras, por envolver a compreensão do funcionamento interno do firmware de uma CPU estrangeira e por ser a afirmação de uma equipe em crescimento. 

Antevendo os caminhos promissores do uso de microprocessadores no desenvolvimento de equipamentos digitais, o NCE produziu o Terminal Inteligente, baseado no microprocessador Intel 8008. Como subproduto deste projeto, foi desenvolvida uma família de terminais de vídeo, industrializada em 1976. A partir da experiência com o Terminal Inteligente, o NCE desenvolveu um sistema de entrada de dados compatível com o sistema IBM 3740, que veio a ser industrializado em 1978, sob o nome de SDE-40. O SDE-40 foi um dos primeiros microcomputadores de 8 bits projetado e produzido em escala comercial no Brasil. 

Fonte: http://www.nce.ufrj.br/nce/historico/ 
acesso em novembro de 2002

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