Polímero de Buriti

Quem não conhece aqueles copinhos de plástico branco descartados aos montes diariamente a cada vez que se bebe água no trabalho? E as sacolas de supermercado, usadas em dupla para agüentar o peso das compras? Pois é, esse material leva algo entre 200 e 450 anos para se desintegrar e contribui muito com o aumento da quantidade de lixo e a redução das reservas de petróleo, material fonte desse produto. Uma linha de pesquisa do Laboratório de Pesquisa em Físico-Química de Polímeros, da Universidade de Brasília (UnB), acaba de dar um passo importante na busca de soluções para o problema, em um momento em que o mundo se mobiliza em campanhas de redução do consumo de plásticos. Os experimentos já desenvolvidos adicionam o óleo de buriti, derivado de um fruto típico da região Amazônica e do bioma cerrado, na síntese de compósitos de poliestireno (ex:copos descartáveis) e do polimetacrilato (acrílico).

Essa é a primeira vez, na UnB, que um produto natural é misturado a um polímero com esse objetivo. Em 2005 e 2006, os estudos prosseguem em busca de resultados para os testes relacionados ao tempo de degradação do plástico. “Já temos fortes indícios de que é um material com degradação mais rápida que o polímero puro”, afirma a química Jussara Angélica Durães, autora da pesquisa, orientada pela professora Maria José Araújo Sales, do Instituto de Química (IQ). Entre outros benefícios do estudo também está o desenvolvimento sustentável de várias famílias que vivem da extração manejada do buriti.

O resultado da dissertação de Jussara foi patenteado em setembro de 2004, com o nome de Compósitos Fotoprotetores obtidos a partir do Poliestireno e do Polimetacrilato de Metila dopados com Óleo de Buriti. A mistura desses materiais com o óleo de buriti gerou um produto que absorve a radiação solar e funciona como fotoprotetor. “Ele poderia ser usado, por exemplo, na fabricação de óculos escuros, de películas protetoras, em revestimentos de paredes e na fabricação de leds (light emitting diodes), uma peça utilizada em computadores, celulares e semáforos para emitir luz”, sugere Jussara. Outro trabalho desenvolvido no Laboratório é a mistura do amido de mandioca com poliestireno e o óleo de buriti. O material obtido, em várias proporções dos componentes, demonstra fortes indícios de biodegradabilidade, em função da presença do amido e do óleo de buriti, reduzindo assim a quantidade de poliestireno no meio ambiente. Esse trabalho também é inédito.

Segundo a autora da pesquisa, Jussara Angélica Durães, o óleo de buriti mostrou-se capaz de acelerar a degradação do polímero.“Ainda é cedo para dizer com exatidão o quanto é possível diminuir o tempo de degradação do novo material. Mas, a partir do momento em que o óleo não se modifica na estrutura do polímero, existem várias partes dentro do plástico que certamente irão se degradar com mais rapidez”, disse a química. A adição do óleo de buriti ao polimetacrilato de metila também gerou uma conseqüência importante: o polímero passou a absorver a radiação solar e a funcionar como elemento fotoprotetor. “O óleo natural faz com que o material consiga absorver radiação solar na região do ultravioleta. Isso ocorre porque o plástico incorpora com facilidade as propriedades do óleo, permitindo também que o material se torne fotoluminescente, capaz de emitir luz na região do visível”, explica a orientadora Maria José Sales. 

Fonte: 
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=010125050704
 
http://www.tnprojetossociais.com.br/noti_JUN_05.htm
 
http://agenciact.mct.gov.br/index.php?action=/content/view&cod_objeto=27054
 
acesso em julho de 2005
 
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