Plim Plim

Nascido a 30 de novembro de 1935, em Osasco (SP), quando era criança Boni brincava de cineminha em casa com luz de velas e figuras recortadas e coladas num lençol. O ingresso eram palitos de fósforo. O pai, Orlando, dentista, nas horas vagas pegava o violão e virava o seresteiro Caçula, acompanhando calouros do rádio. O pai de Boni morreu de pneumonia, aos 32 anos – Boni ganhou em troca a ajuda dos tios. A começar pelo nome, que herdou de um irmão do pai, que morreu afogado nas águas límpidas (naquele tempo) do rio Tietê. Aos 12 anos, foi morar no Rio com a tia Sandra Branca, cantora, casada com Zé Hermínio, do conjunto Quatro Azes e Um Coringa, e arrumou emprego de redator do programa Clube Juvenil Toddy, na Rádio Nacional.

 

Outra tia era dona de um salão de cabeleireiro na capital paulista onde Dalila, mulher do comediante Manoel da Nóbrega, aparava as melenas e pintava as unhas. Nóbrega era um caçador de talentos e o contratou, em 1950, como redator da Nacional de São Paulo. Nessa época, fazia um bico numa funerária. Para economizar aluguel, dormia no papa-defunto. “Passava a noite escrevendo esquetes de humor e, de vez em quando, alguém batia à porta para comprar um caixão.” Em 1952, picado pelo cupido da televisão, Boni se transferiu para a Rádio Tupi com a promessa de ser aproveitado na telinha. Nóbrega ficou magoadíssimo e até colocou o nome de Boni no cachorro que havia ganho de presente do ex amigo (depois fizeram as pazes). Na TV Tupi, salário seis vezes maior, Boni viveu rápida e frustrada carreira de ator. Não havia videoteipe e o teleteatro era feito ao vivo. Ele era um detetive que elucidava um sequestro ao encontrar a gravata da vítima na casa do sequestrador. Mas o contra regra esqueceu de colocar a gravata em cena e Boni se arrastou no chão sem saber o que fazer durante 15 minutos. Nunca mais abriu a boca em frente à câmera.

 

Menos mal que, em seguida, concretizou o sonho de ser o mandachuva na TV Paulista – era diretor de programação. Pena que o salário era pago em pneus e passagens de ônibus. Boni não tinha carro e vendia a mercadoria na primeira esquina. O sufoco o levou para a publicidade. Compôs mais de 300 jingles e criou a vinheta “Varig, Varig, Varig”, até hoje a assinatura dos comerciais da companhia aérea. A glória, enfim, alcançaria no canal de Roberto Marinho. O “padrão Globo de qualidade” que Boni inventou e, modestamente, considera apenas um rótulo, nasceu nas noites regadas a uísque em botecos com Walter Clark, que conhecera no meio publicitário. “Juntamos o rígido profissionalismo de São Paulo e a descontração carioca.” De todas as crias, destaca o Fantástico, o Jornal Nacional e, em especial, o plim plim, sinal sonoro que separa o filme dos anúncios publicitários. “É a coisa mais ética que há na tevê. Antes, o espectador era jogado no comercial sem se dar conta.”

 

Nos anos 70 os comerciais dos filmes eram exibidos sem nenhuma marcação ou separação, por isso a cada intervalo o telespectador levava um susto ou até confundia-se. Por isso Boni teve a ideia de criar uma vinheta bem curta só para avisar o telespectador que era a hora do comercial. No início o Plim plim era na verdade um Bip-bip. A vinheta, segundo Boni, representava o diafragma de uma máquina fotográfica que se abria e fechava. Com a chegada de Hans Donner a Globo, todo o visual da emissora foi mudado inclusive o “Bip-bip”. Ele criou uma vinheta com um som estridente, em que, se você tiver passando na rua você escutaria o tal Plim plim nas casas que estão assistindo a Globo. Este globo era criação do desenhista Borjalo e foi o primo globo a fazer “plim plim” em 1973, sendo que na verdade ele era um “bip-bip” de 3 segundos e que só depois, com Hans Donner ganhou aquele som de vidro tilintando e tornando-se o “plim plim” atual. Na mesma época que se mudou o som, Hans Donner criou o novo logotipo da emissora e que a partir deste derivaram todos os seguintes. Em 1995 a vinheta do plim plim foi trocado por um pequeno desenho animado de 30 segundos com historinhas cômicas e (ou) educativas e no fim o plim plim.

 

O chargista Borjalo, começou na TV Excelsior, passou para a TV Rio e logo depois chegou à TV Itacolomy, onde criou um programa que foi a base para que anos mais tarde fosse criado pela TV Globo, o “Fantástico”. A partir de meados da década de 60 passou a atuar na Rede Globo. E já chegou mudando tudo. A logomarca passou a ser um globo deixando rastro que fez grande sucesso no II Festival Internacional da Canção. A partir daí tornou-se o braço direito do diretor José Bonifácio de Oliveira Sobrino, o Boni. Virou Diretor Geral de Programação por onde iria ficar durante 20 anos podendo colocar em prática sua criatividade a serviço da emissora carioca. Foi o criador da primeira vinheta do “plim plim” (1973) que viria a ser mais tarde a marca registrada da Rede Globo.

 

Fonte:

http://www.terra.com.br/istoe/biblioteca/brasileiro/comunicacao/comunicacao10.htm

http://www.appcampinas.com.br/site/negocios/conteudo_400.asp

http://www.mineiros-uai.com.br/ver.asp?codigo=1349&referer=catver.asp?pagina=6__numeracao=50__id_cat=1__id_sub=6__id_div=0

http://www.sampaonline.com.br/colunas/elmo/coluna2001set21.htm

acesso em fevereiro 2007

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