Gasolina de Óleo de Peixe

Um novo combustível feito a partir do aproveitamento de resíduos gordurosos, como óleos usados em frituras e aqueles obtidos em abates de animais. Engenheiro químico pela FURB (Fundação Universidade Regional de Blumenau), com mestrado e doutorado, Vinicyus Rodolfo Wiggers, 31 anos, é o autor da ideia. Segundo o empresário, que acaba de criar, com outros três sócios, a empresa Craq Term Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, a técnica consiste em submeter esses resíduos ao craqueamento térmico.

Este equipamento trabalha em alta temperatura, em torno de 500 graus, sem a presença de oxigênio. Isso faz com que os óleos se transformem em um bio óleo que pode dar origem a outros dois combustíveis – a bio gasolina, que é mais leve, e o green diesel, um óleo mais pesado. “Esses dois combustíveis têm qualidade muito próxima dos tradicionais, feitos com petróleo”, afirma o engenheiro, que recebeu o Prêmio Petrobras por ter produzido gasolina e diesel a partir do óleo de peixe. O próximo passo da empresa é buscar a certificação para os novos produtos na ANP (Agência Nacional de Petróleo). Só assim será possível fazer a caracterização química para uso em automóveis. Por enquanto, o novo óleo tem outras aplicações, ele pode ser usado em geradores, por exemplo.

Inicialmente, a empresa pretende abastecer apenas o mercado de Santa Catarina. Para se ter ideia, o volume de gordura animal disponível no estado em 2001 era maior do que o consumo de diesel em Santa Catarina em 2008. “Esses resíduos são descartados por indústrias como Perdigão, Sadia e Gomes da Costa e podem ser reintroduzidos na cadeia produtiva”, afirma Vinicyus. Em 2007, o empresário foi contemplado por um edital da FINEP do Fundo Setorial de Petróleo (CT-Petro) que apoiou a melhoria da infraestrutura do Instituto Gene para receber empresas nascentes do setor de petróleo e gás. “Somente agora com o Prime criamos coragem para constituir a empresa”, afirma o empresário que hoje ocupa uma área pequena dentro da FURB, enquanto aguarda o término das obras no Instituto Gene.

 

Vinicyus Rodolfo Wiggers, vem atuando em pesquisa, desenvolvimento e ampliação de escala de processos químicos e novas tecnologias, com financiamento público e privado, na área de biocombustíveis e energia, com ênfase nos processos de pirólise, na área de produção de cimento e materiais argilo minerais, clareamento de madeira e de neutralização e abatimento de gases.

Este trabalho mostra o estudo para a produção e caracterização de biocombustíveis obtidos através do craqueamento térmico de resíduos de Óleo de Peixe, obtidos de processos da indústria pesqueira. O material foi submetido ao processo de craqueamento térmico em uma unidade piloto, com capacidade de operação de 3 kg h-1 a uma temperatura de 525°c. O Óleo de Peixe empregado neste estudo foi química e físico químicamente caracterizado. A composição majoritária apresentou os ácidos graxos C16:0 (15,86 %), C18:2 (20,95 %), C18:1 (17,28 %), C20:5 (5,10 %), C20:1 (7,59 %), C22:6 (4,53 %), C22:1 (10,41 %), dentre outros. O craqueamento térmico deu origem a uma fração gasosa e outra líquida, esta última denominada Bio óleo.

A fração gasosa foi analisada e caracterizada pela técnica de CGDCT/ DIC, mostrando em sua composição média a presença de H2 (4,73 %), N2 (5,57 %), O2 (1,94%), CO (12,94 %), CH4 (15,29 %), CO2 (10,42 %), C2H4 (22,94 %) e C2H6 (8,64%). A fração líquida, o Bio óleo, foi obtido com um rendimento de 72,84 % (m/m). O Bio óleo foi submetido a um processo de destilação simples que originou duas novas frações de biocombustíveis: a Bio gasolina (da temperatura ambiente à 220 °c) e o “green” Diesel (de 150 à 326 °c). Estas duas frações foram obtidas com rendimentos de 31,07 % e 54,25 % em relação ao Bio óleo, e 22,63 % e 39,52 % em relação ao Óleo de Peixe, respectivamente.

 

A Bio gasolina e o “green” Diesel, foram caracterizados por ensaios físico químicos e pelas técnicas de CG-DIC, CG-DCE, CG-EM, RNM 1H e 13C. As características determinadas para ambos os biocombustíveis foram comparadas com as características e com a legislação regulamentadora vigente no país, aplicadas para combustíveis de origem fóssil. Este trabalho mostrou a possibilidade de obtenção de biocombustíveis a partir de um resíduo e fonte renovável de energia, necessitando apenas a otimização dos processos de purificação. A identificação dos constituintes dos biocombustíveis e de suas propriedades físico químicas descritas neste trabalho, poderão ser aplicadas no estabelecimento de critérios para regulamentar esta classe de combustível.

 

Fonte:

http://www.finep.gov.br/imprensa/revista/edicao6/inovacao_em_pauta_6_prime.pdf

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4702079E6

http://www2.petrobras.com.br/minisite/premiotecnologia/pdf/Informativo_2009.pdf

acesso em julho de 2009

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