O carrapato (Boophilus microplus) é um parasita de grande importância econômica em bovinos. Os prejuízos causados são estimados na ordem de 2 bilhões de dólares/ano. De acordo com o pesquisador da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande/MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Renato Andreotti, o controle químico vem apresentando problemas de seleção para resistência e exigindo muitos esforços em pesquisas direcionadas à determinação de métodos alternativos e integrados de controle deste parasita. Uma alternativa com potencial de controle de carrapato que está sendo estudada pelo pesquisador é a mosca Megaselia scalaris. A Embrapa Gado de Corte, em parceria com a Unicamp e a Unesp, registrou, pela primeira vez, na região de Campo Grande/MS, a presença da Megaselia scalaris parasitando fêmeas ingurgitadas de Boophilus microplus, causando impacto sobre a produção de ovos deste parasita.
A mosca é encontrada em vários ambientes, pois possui a capacidade de explorar uma grande variedade de nichos ecológicos. Atraída pela fêmea adulta de Boophilus microplus, na qual penetra, em número variável de larvas, alimentando-se dos tecidos, reduzindo a produção de ovos. “A presença de larvas de M. scalaris em fêmeas ingurgitadas de carrapato afetou em diferentes graus a produção de ovos durante o período de postura em função do número de larvas presentes no interior do parasita. Apesar deste díptero ter sido citado como inimigo natural de B. microplus o potencial de parasitismo em condições naturais (porcentagem de carrapatos parasitados; número de larvas de M. scalaris por indivíduo parasitado; efeito sobre a postura de B. microplus) ainda não foi quantificado”, comenta o pesquisador.
A relação entre M. scalaris e seu hospedeiro, de acordo com Andreotti, no que diz respeito ao comportamento de postura e/ou invasão adotado por esta mosca, também necessita de um melhor conhecimento. “Tais aspectos estão sendo investigados na sequência do trabalho com vistas à determinação da importância desta mosca como controlador biológico do carrapato bovino”, afirma. O trabalho acaba de ser enviado para o Comitê Interno Técnico para ser publicado. Há quatro anos, o pesquisador da Embrapa Gado de Corte realiza estudos para o desenvolvimento de uma vacina para o controle do carrapato. Segundo Andreotti, foi descoberta uma proteína (BMTI) que possui o efeito de proteção de 72,8%. São dadas três doses da vacina para o animal em qualquer fase de vida, sem contra indicação. A vacina ainda não está a disposição para o mercado. De acordo com o pesquisador, está em teste também uma vacina polivalente visando maior eficiência para o controle.
Fonte: http://www.embrapa.br
acesso em fevereiro de 2004
