“Concreto Armado em Ferrovias”

A linha Mayrink-Santos, construída entre 1928 e 1937, como um ramal da linha “Sorocabana”, ligando Mayrink a Samaritá, teve um aspecto notável, por ter sido a primeira vez, em todo mundo, em que o concreto armado foi usado extensiva e exclusivamente em obras de arie ferroviárias, mesmo as maiores e mais ousadas. Como assinalam o mesmo Eng. Barros Pereira e o Eng. A. C. Vasconcelos, o concreto armado era uma solução simples, e sobretudo nacional, comparando-se com as tradicionais pontes metálicas importadas, e também permitia uma grande economia de dinheiro e de tempo, porque em vez de se transportar pesadas estruturas de aço, bastava transportar cimento e vergalhões. já que a pedra britada e a areia se obtinham no próprio local. Essa vantagem era decisiva face às dificuldades locais. Não era também necessário esperar que uma ponte ficasse pronta para então iniciar a seguinte; as pontes poderiam ser executadas em qualquer ordem, de acordo com as conveniências locais, sem necessidade de aprontar antecipadamente a linha férrea. Como conta o Eng. Gaspar Ricardo Jr., para essa decisão foram realizados minuciosos estudos técnico-econômicos “sem preferencia indicada por nenhum material ou sistema de construção””. Alguns desses viadutos e pontes foram recordistas mundiais na época, para obras cm concreto armado, como o viaduto 19, cm viga reta contínua, sobre quatro apoios, com comprimento total de 78,7 m e vão central de 30 m, e a ponte 18, com 95 m de comprimento, projeto de Humberto da Fonseca.

Houve entretanto uma verdadeira batalha técnica, antes que essas obras pudessem ser iniciadas, porque não havia precedente no mundo desse tipo de emprego do concreto armado, e muitas dúvidas existiam por parte de ilustres engenheiros, tanto nacionais como estrangeiros. O grande nome dessa audaciosa aventura com o concreto armado, foi o engenheiro baiano Humberto Fonseca, que infelizmente faleceu antes de ver a estrada pronta. Os viadutos e pontes da Mayrink-Santos formam o maior conjunto de obras de arte ferroviárias em concreto armado em todo mundo; por esse motivo, como disse o Eng. A. C. Vasconcelos, a “obra realizada constitui um mostruáriode pontes e viadutos, visita obrigatória para os alunos das escolas de engenharia, não somente pela grandiosidade do empreendimento como pela variedade dos tipos estruturais”. A direção geral da construção da Mayrink-Santos, durante quase todo tempo e até a sua inauguração em 1937, coube ao Eng. Mario Salles Souto.

Fonte: 
http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0102z14f25.htm 
acesso em abril de 2009 
História da Engenharia no Brasil séc XX., Pedro carlos da Silva Telles, Ed. Clube de Engenharia, 1993 
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