“Borracha da Seringueira”

Colombo ao chegar no Haiti, achou estranho os indígenas se divertirem com uma bola, feita com a goma de uma árvore. Somente em 1770 que o químico inglês Joseph Priestley, observou a habilidade desta substância em apagar as marcas de lápis, denominando-a pela primeira vez de “rubber”. Isto é curioso, porque a substância acabou recebendo um nome por uma característica sua até então desconhecida. No entanto seu uso não se difundiu até que outro inglês Thomas Hancock em 1820 descobriu um método de torná-la mais macia e a prova d’água. A borracha é um dos produtos mais importantes que tem origem na floresta tropical. Os índios da América do Sul por séculos a utilizaram, no entanto este produto somente despertou o interesse do mundo industrializado quando em 1839, Charles Goodyear descobriu, por acidente, o processo de vulcanização da borracha. Com a chegada do automóvel e do pneu por John Dunlop em 1888, em fins do século XIX, a corrida pela borracha começou.

 

Manaus rapidamente se transformou num grande centro de comércio, fazendo a fortuna de muitos barões da borracha, que estendiam seu poder na região muitas vezes na base da tirania como Júlio Cesar Arana que mantinha escravos em suas terras. Enquanto os índios morriam a produção acelerava: nos doze anos em que Arana operou no rio Putumayo na Colômbia, a população nativa decresceu de 30 mil para menos de 8 mil, enquanto ele exportou cerca de 4 mil toneladas de borracha, com faturamento de US$ 75 milhões. O único fator que interrompeu tal holocausto dos índios, foi a queda no mercado de borracha natural, face as novas plantações no sudeste asiático. Para alguns historiadores a informação de que Júlio Cesar Arana provocou um holocausto entre os índios peruanos foi divulgada pelos concorrentes ingleses deste, quando a Inglaterra já não precisava mais da borracha das plantações nativas da Amazônia, pois já tinha contrabandeado para suas colônias na Ásia.

Em 1876, o inglês Henry Wickham do Royal Botanical Garden em Londres, veio ao Brasil e colheu 70 mil sementes de seringueira (Hevea brasiliensis) e as plantou em colônias britânicas na Malásia, que se tornou grande exportador e desbancou o Brasil, que passou a importar borracha. Os brasileiros contudo se esquecem que sua economia agrícola é baseada em seis plantas importadas: o óleo da palmeira africana, café da Etiópia, cacau da Colômbia e Equador, soja da China, cana de açúcar do mesmo sudeste asiático.

Finalmente em 1895 Henry Nicholas Ridley, chefe do Jardim Botânico de Cingapura, conseguiu que dois plantadores de café plantassem 8 hectares de hevea. Doze anos depois mais de 30 mil hectares haviam sido plantados no Ceilão e Malásia. Inovações aumentaram a eficiência e a produção dobrava a cada dois anos. A borracha era colhida a um custo bem inferior do que no Brasil. A produção brasileira despencou de 50% do mercado mundial em 1910, para 30% em 1914, 20% em 1918 e apenas 1.3% em 1940. Com a descoberta da borracha sintética apenas 25% do mercado em 1964 se abastecia com borracha natural. Com a crise do petróleo em 1973 e a chegada dos pneus radiais (a borracha sintética não tinha as característica necessárias para confecção do pneu radial) fizeram com que a borracha natural retomasse parte do mercado chegando a 40%. Atualmente creca de 50% dos pneus de automóveis e 100% dos pneus de aviões, utilizam borracha natural, a maioria proveniente do sudeste asiático.

 

Fonte:

http://www.mongabay.com/10rubber.htm

http://www.psrc.usm.edu/macrog/exp/rubber/bepisode/malay.htm

http://www.lgm.gov.my/general/StoryofMNR.html

http://www.tarrc.co.uk/pages/nrhispart1.htm

acesso em maio de 2002

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