“Álcool de Mandioca “

Bastante utilizada na produção de farinhas e féculas, insumos para massas, pães, bolos e demais iguarias da tradicional culinária brasileira, bem como na alimentação animal, no setor farmacêutico, na fabricação de papel e até na mineração, a mandioca ganha força agora, como nova fonte alternativa energética para produção de álcool combustível, a exemplo da cana de açúcar. Estudo realizado pelo biólogo, pesquisador da Universidade de Brasília (UNB), Alexsandro Sobreira Galdino, revela que leveduras modificadas podem ser utilizadas na produção de etanol, a partir da quebra de moléculas de amido, presentes na raiz. Segundo o pesquisador, ganhador do prêmio Jovem Inventor 2008, oferecido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF), a produção de etanol a partir da mandioca já ocorre desde a implantação do Proálcool, em 1975. No entanto, o novo processo descoberto recentemente é inovador, porque permite a redução substancial de custos e de tempo de produção de álcoois de mandioca, em relação ao modelo tradicional – atualmente utilizado por algumas poucas mini usinas paulistas e do Sul do País.

Além disso, de acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Amido (ABAM), a aplicação do novo método de levedura modificada descoberto por Galdino, reduz em 75% os custos de instalação de parques tecnológicos industriais para produção de etanol, a partir da mandioca. Enquanto uma tonelada de cana produz 85 litros de álcool, uma tonelada de mandioca com rendimento de 33% de amido e 2% de açúcares produz 211 litros de álcool combustível. Já existem variedades de mandioca com 36% de amido, o que proporciona 230 litros de álcool combustível por tonelada de mandioca, acrescenta o presidente da Câmara Setorial da Mandioca do Estado de São Paulo, José Reynaldo Bastos da Silva. Galdino explica, que o modelo tradicional até agora adotado, exige a introdução de enzimas importadas para transformar o amido da mandioca em açúcares e consequentemente, transformá-los em álcool, o que encarece a produção. ´Neste novo processo, as enzimas são produzidas no próprio local, na própria usina´, afirma o pesquisador. Com isso, avalia Galdino, muitas novas usinas de produção de etanol podem ser viabilizadas economicamente em todo o País. Ao contrário da cana de açúcar – uma gramínea forrageira – que só produz em ciclos (seis meses), a mandioca pode ser produzida o ano inteiro, destaca o pesquisador.

Ele explica ainda, que a cultura da mandioca tem baixa exigência nutricional em relação ao solo, o que permite o seu plantio em várias áreas e regiões. Outra vantagem da raiz sobre a cana de açúcar é a grande diversidade genética da planta, que foi gerada e domesticada no Brasil e que tem a Amazônia como berço. Bastos da Silva ressalta ainda, que o álcool da mandioca é de superior qualidade ao da cana de açúcar, por ser totalmente puro, o que o indica com vantagem para a destilação de álcoois finos para perfumaria e bebidas etílicas. Ambos reconhecem que a mandioca não irá substituir a cana de açúcar na produção de etanol, mas, agora, com o novo processo de leveduras modificadas, a raiz ganha foco de análise econômica alternativa para produtores de pequeno porte. Além do que, ganha força como opção complementar à ociosidade industrial das usinas, durante a longa entressafra da cana de açúcar, de até 6 meses.

Fonte:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4766238A6
http://www.fiec.org.br/artigos/tecnologia/inovacao_ceara_desponta.html

acesso em abril de 2010

Posso ajudar?